Mais valor que valia

    Mais valor que valia

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    Texto Curadorial: Ricardo Aleixo
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    eu quero

    , 2021

    SEM MEIAS PALAVRAS NEM

     

    Antes de conhecer a Maré de Matos das instigantes coisas-artes que se situam, ou melhor, se deslocam em meio a espaços intersígnicos que a artista continuamente aproxima e tensiona, eu conheci a Mariana de Matos da fala- pensamento trovejante e desbordante, sem meias palavras nem “meias imagens”.

    Já faz uns 5 anos que isso aconteceu, isso de vê-la/ouvi-la em um vídeo no qual sua fala-pensamento é acompanhada por um olhar-interrogação tão intenso e firme que de pronto tive a certeza de que aquela pessoa artista era alguém, no mínimo, muito interessante.

    RECRIAR O SONHO

    , 2022

    REFLORESTAR O PEITO

    , 2022

    DESCAPITALIZAR O TEMPO

    , 2022

    E era mesmo. É. Maré se distingue da maioria das pessoas artistas que surgiram no Brasil da década passada por lidar de modo bastante peculiar com a difícil questão das conexões possíveis entre poesia & arte & entre estas & as inúmeras camadas do real imediato.

    Com sua fina inteligência sensível, fluida e serpenteante como o Rio Doce do seu tempo de criança e de até poucos anos atrás, a artista nos oferta um conjunto de objetos-conceitos que, ao tornar tangíveis questões cruciais desta época que pode ser a derradeira para a única espécie que nomeia a si mesma e a todas as demais formas de vida (e de morte), reafirmam a dimensão ética da obra de arte, porquanto vão além da mera fisionomia “bonita” e previsível de grande parte daquelas “peças” desprovidas de força anímica (e de imaginação) que inundam o ambiente artístico, hoje, e não só no Brasil.

    Mais que apenas denunciar o que há de podrido e irrecuperável no aqui e agora do mundo, alguém, parece, deseja puxar conversa sobre outras hipóteses de mundo. Os antigos davam a tal gesto o nome de poesia.

     

    Ricardo Aleixo
    Poeta, artista e pesquisador de literatura, outras artes e mídias.
    Doutor em Letras pela UFMG, por Notório Saber.

    Berkeley, EUA
    fev 22″

    MAIS RIO QUE RESÍDUO

    , 2022

    SERTÃO DOCE

    , 2018

    MAIS MONTANHA QUE MINÉRIO

    , 2022

    FACA

    , 2021

    QUEIJO

    , 2022

    PÃO

    , 2021
    Maré de Matos
    Maré de Matos

    Maré de Matos
    Governador Valadares, Brasil, 1987

    Maré de Matos, artista transdisciplinar. Mineira, do Vale do Rio Doce. Graduada em Artes Visuais na escola Guignard (UEMG), Mestre em Teoria Literária (UFPE), atualmente desenvolve o projeto-pesquisa museu das emoções no Doutorado (USP).

    Exercita o tensionamento entre versão e verdade; história única e contra-narrativas polifônicas; poder e posição e quer incendiar esta configuração de mundo. Pesquisa representação e responsabilidade, imaginário e delírio da modernidade, invenção da raça e narrativa de si, subjetividade e pedagogias contra-coloniais. Atua em linguagens híbridas e seus trabalhos situam-se, sobretudo, no vão entre os territórios da imagem e da palavra. Se interessa pelo atlântico negro como processo formativo; pela revisão como princípio e pela poesia como ferramenta política de emancipação. Defende o direito à emoção de sujeitos negros privados do estatuto de humanidade.

    FALAR COM ESTRANHOS

    , 2021

    marco zero

    , 2019
    Maré de Matos

    REPARTIR

    , 2021

    Mais nascimento que morte (díptico)

    , 2021

    ACÚMULO

    , 2022

    eu quero

    , 2021
    Maré de Matos
    fotoperformance,
    45 x 75 cm ,

    RECRIAR O SONHO

    , 2022
    Maré de Matos
    tinta sobre tecido,
    54 x 156 cm,

      REFLORESTAR O PEITO

      , 2022
      Maré de Matos
      tinta sobre tecido,
      54 x 156 cm,

        DESCAPITALIZAR O TEMPO

        , 2022
        Maré de Matos
        tinta sobre tecido,
        54 x 156 cm,

          MAIS RIO QUE RESÍDUO

          , 2022
          Maré de Matos
          Mangueira, metal, anzol, pigmento, água | Acrílico, plástico, fibra de côco, corda, acetato, espuma e lona,
          150x96 | 167x230 cm,

            SERTÃO DOCE

            , 2018
            Maré de Matos
            instalação (bandeira, suporte, aquário, peneira, sign),
            32.50 x 35 cm,

              MAIS MONTANHA QUE MINÉRIO

              , 2022
              Maré de Matos
              Metal, moeda, cobre, chumbo, ímã | Pedra de moar | Terra, parafina, pavio, madeira,
              145x95 | 50x44 cm | 144x50,

                FACA

                , 2021
                Maré de Matos
                pintura em tela,
                38 x 54 cm,

                  QUEIJO

                  , 2022
                  Maré de Matos
                  pintura em lixa,
                  25 x 25 cm,

                    PÃO

                    , 2021
                    Maré de Matos
                    pintura em lixa,
                    25 x 30 cm,

                      FALAR COM ESTRANHOS

                      , 2021
                      Maré de Matos
                      pintura em tecido,
                      71 x 166 cm,

                        marco zero

                        , 2019
                        Maré de Matos
                        anti-bandeirante,
                        fotografia,
                        100 x 150 cm,

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                          , 2021
                          Maré de Matos
                          pintura em tecido,
                          41 x 164 cm,

                            Mais nascimento que morte (díptico)

                            , 2021
                            Maré de Matos
                            bordado em tecido,
                            125 x 71 cm,

                              ACÚMULO

                              , 2022
                              Maré de Matos
                              pintura em tecido,
                              164 x 41 cm,