Mais valor que valia
eu quero
, 2021SEM MEIAS PALAVRAS NEM
Antes de conhecer a Maré de Matos das instigantes coisas-artes que se situam, ou melhor, se deslocam em meio a espaços intersígnicos que a artista continuamente aproxima e tensiona, eu conheci a Mariana de Matos da fala- pensamento trovejante e desbordante, sem meias palavras nem “meias imagens”.
Já faz uns 5 anos que isso aconteceu, isso de vê-la/ouvi-la em um vídeo no qual sua fala-pensamento é acompanhada por um olhar-interrogação tão intenso e firme que de pronto tive a certeza de que aquela pessoa artista era alguém, no mínimo, muito interessante.
RECRIAR O SONHO
, 2022REFLORESTAR O PEITO
, 2022DESCAPITALIZAR O TEMPO
, 2022E era mesmo. É. Maré se distingue da maioria das pessoas artistas que surgiram no Brasil da década passada por lidar de modo bastante peculiar com a difícil questão das conexões possíveis entre poesia & arte & entre estas & as inúmeras camadas do real imediato.
Com sua fina inteligência sensível, fluida e serpenteante como o Rio Doce do seu tempo de criança e de até poucos anos atrás, a artista nos oferta um conjunto de objetos-conceitos que, ao tornar tangíveis questões cruciais desta época que pode ser a derradeira para a única espécie que nomeia a si mesma e a todas as demais formas de vida (e de morte), reafirmam a dimensão ética da obra de arte, porquanto vão além da mera fisionomia “bonita” e previsível de grande parte daquelas “peças” desprovidas de força anímica (e de imaginação) que inundam o ambiente artístico, hoje, e não só no Brasil.
Mais que apenas denunciar o que há de podrido e irrecuperável no aqui e agora do mundo, alguém, parece, deseja puxar conversa sobre outras hipóteses de mundo. Os antigos davam a tal gesto o nome de poesia.
Ricardo Aleixo
Poeta, artista e pesquisador de literatura, outras artes e mídias.
Doutor em Letras pela UFMG, por Notório Saber.
–
Berkeley, EUA
fev 22″
MAIS RIO QUE RESÍDUO
, 2022SERTÃO DOCE
, 2018MAIS MONTANHA QUE MINÉRIO
, 2022Maré de Matos
Governador Valadares, Brasil, 1987
Maré de Matos, artista transdisciplinar. Mineira, do Vale do Rio Doce. Graduada em Artes Visuais na escola Guignard (UEMG), Mestre em Teoria Literária (UFPE), atualmente desenvolve o projeto-pesquisa museu das emoções no Doutorado (USP).
Exercita o tensionamento entre versão e verdade; história única e contra-narrativas polifônicas; poder e posição e quer incendiar esta configuração de mundo. Pesquisa representação e responsabilidade, imaginário e delírio da modernidade, invenção da raça e narrativa de si, subjetividade e pedagogias contra-coloniais. Atua em linguagens híbridas e seus trabalhos situam-se, sobretudo, no vão entre os territórios da imagem e da palavra. Se interessa pelo atlântico negro como processo formativo; pela revisão como princípio e pela poesia como ferramenta política de emancipação. Defende o direito à emoção de sujeitos negros privados do estatuto de humanidade.
FALAR COM ESTRANHOS
, 2021marco zero
, 2019REPARTIR
, 2021Mais nascimento que morte (díptico)
, 2021ACÚMULO
, 2022eu quero
, 2021Maré de Matos
RECRIAR O SONHO
, 2022Maré de Matos
REFLORESTAR O PEITO
, 2022Maré de Matos
DESCAPITALIZAR O TEMPO
, 2022Maré de Matos
MAIS RIO QUE RESÍDUO
, 2022Maré de Matos
SERTÃO DOCE
, 2018Maré de Matos
MAIS MONTANHA QUE MINÉRIO
, 2022Maré de Matos
FACA
, 2021Maré de Matos
QUEIJO
, 2022Maré de Matos
PÃO
, 2021Maré de Matos
FALAR COM ESTRANHOS
, 2021Maré de Matos
marco zero
, 2019Maré de Matos
REPARTIR
, 2021Maré de Matos
Mais nascimento que morte (díptico)
, 2021Maré de Matos
ACÚMULO
, 2022Maré de Matos