Galeria Lume: Videos

Cores do Interior | Renata Egreja , 2023
Renata Egreja,

Artista Renata Egreja (@regreja)
Curadora Paula Borghi (@borghi.paula)
Coordenadora do projeto Marta Silva (@madriprojetosculturais)
Assessora de imprensa Sheila Grecco (@sgcomunicacao)
Vídeo Opoente (@opoente)
Social media Alien Lab (@aalien.lab)
Projeto educativo Silvana Sarti (@silvanasarti33)
Coordenador educativo MARP Nilton Campos (@niltonocampos)
Designer gráfico Moreno Mota Dias (@momotadesign)
Fotógrafos João Cazza (@jcazza.art)
Ronaldo Rodrigues
Produção Madri Projetos Culturais e Comunicação (@madriprojetosculturais)

Agradecimentos À família Às amigas:
Renata Barrantes (@barrantesrenata)
Gabi Michelini Kika Elias (@_ayahandmade_)
Milena Franceschinelli (@mifranceschinelli)
Suzana de Oliveira Pia Bonnemaison
Anna Gallafrio (@annagallafrio)

Faz tempo que aquele buraco não sobe na parede | Arte1 , 2023
Nazareno,

Seguindo em sua pesquisa que abarca os temores e as graças das relações humanas, a exposição traz o questionamento do espaço deixado pela origem – buraco – e as edificações que por ele são criadas.

A partir da investigação de relações interpessoais e reflexões internas, o artista plástico Nazareno apresenta sua individual “Faz tempo que aquele buraco não sobe na parede”, inaugurada dia 20 de maio. Com texto crítico de Diego Matos, a mostra apresenta grandes obras de mármore, maciças e corpulentas, mas visualmente lapidadas e brandas, contrastadas as suas próprias abstrações.

Na sala principal da galeria, o visitante se depara com uma lâmina de mármore com serpentes, sobre a qual é permitido caminhar por entre elas descalço. Considera-se um risco seguir tal caminho de forma vulnerável quando rodeado pelo perigo iminente das cobras? Ou sente-se o alívio de saber que o que o cerca são cascas, o envoltório do que um dia foi perigo, parede de um ser que hoje é outro, ainda que seja o mesmo.

Um grande alvo, imponente, intocável, carnoso e quase vivo, pronto para receber de peito aberto, as flechas impiedosas da vida, também é um receptor de desejos, ambições e instrumento de passagem a uma outra situação. No corredor da galeria, duas cadeiras contemplam a imensidão, juntas, e ao mesmo tempo sozinhas. Travesseiros de mármore, lembrando o visitante do inalcançável mundo do sono, divinal, premonitório, familiar e ainda assim tão distante, preso em sua forma rígida e privilegiada de ser o único lugar no qual se pode sonhar. Será?

Nazareno instiga a subjetividade das palavras que permeiam seu trabalho, estimula o espectador a buscar o que é o buraco, de onde saem os mármores, as ideias e quais paredes sobem ao nosso redor, prontas para exibi-los. Tudo aquilo que sobe na parede, hoje é buraco.

Drama Dream , 2022

A Luminância do Breu

Em algum momento a vida nos oferece um encontro a sós, no escuro de questões que habitam o que foi, que é e o que projetamos. Um lance inevitável de dados faz um antes e depois, o corte cria o lastro de uma nova consciência. Bruno Vilela subverte e provoca esse encontro, através de uma ritualística do enfrentamento: ele vai ao breu para extrair de lá luminância e cor

A mãe de São João acende uma fogueira pra dizer que o filho nasceu

Assim, cria um espaço de confluência, onde sua grafia vibra no sonho e ecoa o avesso de si. Je est un autre. Lá e cá despertam planos e camadas em serigrafias e óleo. Bichos, bestas; deuses acordam as flores não identificadas a redução do ornamento. São o fruto, o rebento, aquilo que brota.

Na série que faz a narrativa da exposição, roxo; fúcsia e amarelo despontam significantes, ressoando o que irrompe após o acidente no calcanhar de Aquiles. O que é preciso romper para que se possa sustentar? É no isolamento; no olho que olha o filho; na incorporação do mantra; no encontro com a carne dos deuses, que o caminhar se reintegra

Eu sou e não sou. Uma consciência expande. O peixe se torna o cardume

Em Arqueologia do Inconsciente, a cena da matança pode ser também cópula. Em Kali, o que perturba também carrega no ventre, mãos. N´O Oráculo da Noite, o drácula que sanguessuga a representação, está entre vasos-berços de civilizações. Em Vishnu resgata Oxum, a sustentação liberta a sabedoria do feminino. Em O Teosofista o carvão está para o amarelo

Aos 25 anos eu vi um ipê amarelo e aquela epifania me marcou…

As últimas palavras de Wiliam Turner foram: Deus é o Sol

A imagem do eremita, que vive no ermo com intuitos contemplativos e espirituais, redimensiona a ritualística do enfrentamento. Eu só fiz o que fiz e estou falando aqui, porque eu me isolei. Assim como a ideia de símbolo. Para Vilela, são os símbolos que fazem a ponte do projeto ao processo

Etimologicamente, a palavra símbolo exprime o ato de levar o que se guarda. Uma das representações do símbolo são as mãos unidas, formando uma concavidade, num gesto de oferenda, doação. As mãos como símbolo de todos os símbolos, como revestimentos de significação, ou ainda com Schneider e caro a Vilela, a mão como manifestação corporal do estado interior do ser humano, indicando o estado de espírito, quando este não se manifesta pela via acústica

Ticiana Porto

São Paulo, 01 de Setembro de 2022

Ninguemtude X Identidade | Hal Wildson | SP-ARTE , 2022
Hal Wildson,

Ninguentude – Identidade
Memória – Esquecimento

mas como é possível deixar de ser ninguém para se transformar em alguém? como acontece o processo da criaçao de uma identidade? como o esquecimento também é capaz de criar uma memória identitária?

Entre os de 1941 e até meados de 2006 os documentos eram datilografados. documentos de identidade que eram usados para não apenas identificar uma pessoa, mas tirá-la da invisibilidade. De que forma esses documentos são capazes se afirmar quem somos?

A nossa história está sendo escrita todos os dias, a memória é um lugar de disputa, não é sobre disputar o passado e por isso mudá-lo, e sim sobre olhar para esse passado com os olhos de agora projetando um futuro. É a nossa visão atual que nos faz reescrever , reinterpretar o nosso passado histórico. Eu acredito que o povo Brasileiro ainda foge da Ninguentude na Busca de se tornar alguém… povo sem memória é povo sem alma! E na busca de ser alguém o que estamos nos tornando? Qual o Brasil que nossa geração está escrevendo para o Futuro?

Sempre Tem Alguém em Casa , 2022
Nazareno,

Nazareno: Sempre tem alguém em casa

“Ele abriu os olhos,
que tinham se mantido abertos
o tempo todo,
mas só haviam visto pensamentos,
e avistou sua casa,
aninhada lá embaixo no vale”

Orlando: a biografia, Virginia Woolf

A casa da gente. Refúgio, esconderijo, reduto, ninho. Espaço que guarda memórias e devaneios, no qual habitam para sempre aqueles que por ali passaram. Espaço que sabe as verdades que carregamos, espelho do que de fato somos. É verdade, como diz Nazareno, que “sempre há alguém em casa”, seja este alguém presença ou ausência. A frase dá nome à exposição do artista, em cartaz na galeria Lume, casa das obras de Nazareno nesta temporada e reflexo de suas descobertas enquanto habitou a sua própria nos últimos anos.

Nazareno interessa-se pelas relações que conformam este espaço doméstico de intimidade. Por lá, encontra as histórias que relata em suas obras, recria situações, diálogos e também gestos, desenhados e gravados em louças, taças, rodapés e espelhos. Gosta do jogo subversivo que ocorre nos lares mundo afora, que são a melhor imagem da diversidade cultural, ideológica e geográfica do ser humano. Gosta do humano. Interessa-se genuinamente pelos pensamentos e reflexões que nos fazem vivos.

Se qualquer espaço de uma casa, por mais inusitado que seja, pode ser utilizado pelos seus moradores, Nazareno reflete tal pensamento dentro da galeria paulistana, induzindo o expectador a observar cada canto do local, em buscas de pistas deixadas pelo artista. Pratos com digitais de amantes, azulejos gravados com palavras a serem reunidas em histórias ou até uma diminuta casa aninhada em um espaço inesperado, que nos remete a um cofre repleto de confissões.

O universo criativo do artista nos leva também a caminhar entre os devaneios elaborados ao redor desse elemento tão presente desde os contos de fadas à literatura adulta, por onde passam importantes descrições feitas por seus autores como forma de nos aproximar e nos conectar com os mais distintos personagens. De João e Maria a Orlando, passando por Barba Azul, a casa é cerne daquilo que somos e vivemos. Bem-vindos à atual casa de Nazareno.

Ana Carolina Ralston
curadora

mais valor que valia , 2022
Maré de Matos,

Antes de conhecer a Maré de Matos das instigantes coisas-artes que se situam, ou melhor, se deslocam em meio a espaços intersígnicos que a artista continuamente aproxima e tensiona, eu conheci a Mariana de Matos da fala- pensamento trovejante e desbordante, sem meias palavras nem “meias imagens”.

Já faz uns 5 anos que isso aconteceu, isso de vê-la/ouvi-la em um vídeo no qual sua fala-pensamento é acompanhada por um olhar-interrogação tão intenso e firme que de pronto tive a certeza de que aquela pessoa artista era alguém, no mínimo, muito interessante.

E era mesmo. É. Maré se distingue da maioria das pessoas artistas que surgiram no Brasil da década passada por lidar de modo bastante peculiar com a difícil questão das conexões possíveis entre poesia & arte & entre estas & as inúmeras camadas do real imediato.

Com sua fina inteligência sensível, fluida e serpenteante como o Rio Doce do seu tempo de criança e de até poucos anos atrás, a artista nos oferta um conjunto de objetos-conceitos que, ao tornar tangíveis questões cruciais desta época que pode ser a derradeira para a única espécie que nomeia a si mesma e a todas as demais formas de vida (e de morte), reafirmam a dimensão ética da obra de arte, porquanto vão além da mera fisionomia “bonita” e previsível de grande parte daquelas “peças” desprovidas de força anímica (e de imaginação) que inundam o ambiente artístico, hoje, e não só no Brasil.

Mais que apenas denunciar o que há de podrido e irrecuperável no aqui e agora do mundo, alguém, parece, deseja puxar conversa sobre outras hipóteses de mundo. Os antigos davam a tal gesto o nome de poesia.

Ricardo Aleixo
Poeta, artista e pesquisador de literatura, outras artes e mídias.
Doutor em Letras pela UFMG, por Notório Saber.

RE-UTOPYA | Hal Wildson , 2022
Hal Wildson,

Pensar o Brasil é um trabalho que eu produzo mesmo antes de atuar com arte, o pensamento artístico sempre me acompanhou, mas antes mesmo que a minha produção criasse forma o meu maior interesse era entender “por que as coisas são assim” e “é possível mudar a ordem das coisas”? Pensar a utopia-brasil pra mim é pensar no poder da utopia como a de um anticorpo que atua em corpo doente, em uma terra doente… buscando cura. Esse olhar filosófico, antropológico sobre o Brasil vai de encontro com a minha vontade de também entender o meu lugar no mundo, e no mundo da arte… o que eu produzo é minha forma de lidar com essa realidade inventada e também de confrontar essa realidade. Como pensador e produtor de conhecimento me interessa que a minha arte circula por diversas camadas da sociedade, pra mim não basta o percurso limitado do mercado de arte… eu quero que a a minha arte também chegue na família da periferia, na escola pública, nas crianças do interior e que dê a elas um desejo de utopia… assim como aconteceu comigo.

Fio: Gaveta de si, ofício de ser , 2021
Francisco Nuk,

A casa foi vendida com todas as lembranças todos os móveis todos os pesadelos todos os pecados cometidos ou em vias de cometer a casa foi vendida com seu bater de portas com seu vento encanado sua vista do mundo seus imponderáveis.
Por vinte, vinte contos.

 

Carlos Drummond de Andrade

Sem a intermediação dos mobiliários e utensílios, uma casa surge como um museu vazio, sem recordações, lembranças ou culpas. À espera dos móveis, cada qual com seu canto e função pré-definidos, o espaço doméstico relembra uma cena expositiva onde todo objeto inserido oculta uma história. Nas gavetas, retratos, passaporte, cartas e saudade. Na estante as marcas do altar, as velas, a mancha do copo nas noites de sede. No batente da porta, o tamanho dos filhos, o passar dos anos. Em suas novas formas, os móveis moldam-se à vida que habita o seu entorno. Certa vez, em Lisboa, escutei a história de uma senhora portuguesa que guardava a escrivaninha de seu falecido marido, poeta. No tampo do móvel, entre os veios da madeira, ficaram gravadas palavras sobrepostas, vestígio da escrita em madrugadas de poesia.

Talvez, o acomodar das coisas, a mera utilidade, seja a menor das funções dos móveis. Transformados pelo tempo em memória, espelho dos nossos gestos, os objetos ficam marcados, desfiam, lascam, dobram e ganham vida, atuam serenamente como observadores dos nossos acontecimentos mais íntimos.

Em “Fio: Gaveta de si, Ofício de ser”, de Francisco Nuk, a utilidade e a serventia dos mobiliários são desmanchadas no momento em que o artista quebra sua rigidez, fazendo do absurdo um conceito perseguido. Tudo em sua obra abre para pistas deturpadas. As cristaleiras distorcidas não mais equilibram os cristais, as gavetas flutuam leves sem o peso dos segredos arquivados, a cômoda circular, cautelosamente esculpida, confunde os guardados.

Na repetição, no jogo da imaginação e na constância do ofício, Francisco elabora suas esculturas com a intimidade de um poeta. As madeiras, enamoradas, se rendem, dançam e se livram do fardo de servir. Agora são arte. Nada mais.

Paulo Kassab Jr.

Macrocosmos, microcosmos, ou a cosmogonia dos incêndios | CCBBSP , 2021
Kilian Glasner,

Dois mil e vinte um — ao adentrar a exposição no CCBB, nos deparamos com um vídeo no qual o artista caminha sobre os escombros do que restou de seu ateliê em Itamaracá – PE, vítima de um incêndio que não só consumiu sua casa, mas também toda obra que faria parte desta mostra. Em uma atmosfera silenciosa, que nos faz lembrar os filmes de Tarkovsky, Kilian se inclina sobre a ruína premeditada em trabalhos antigos. Estilhaço, objetos deslocados de seu tempo e fragmentos de memória apontam aquilo que não foi, mas poderia ter sido. Tudo é vestígio e de tudo ficou pouco “não muito: de uma torneira pinga esta gota absurda, meio sal e meio álcool, salta esta perna de rã, este vidro de relógio partido em mil esperanças, este pescoço de cisne, este segredo infantil…”1 Resta o rosto de sua mãe em bronze, um soldadinho de chumbo de sua infância, pedras e carvão que, se antes fazia-se instrumento para inventar e imaginar o fogo, agora é sobra. O filme segue e o artista indica o argumento que nos guiará por toda exposição. Marteladas destroem o que antes eram vigas e o carvão explode no papel desenhando o cosmos. O universo é sobra, explosão, big bang. Repousa aqui a ambiguidade dos incêndios, apesar de devastador, revela a força de gerar outro porvir, das células ao espaço. Neste ciclo originaram-se cada um das obras desta exposição. Com um imaginário muitas vezes construído em cima de fotografias, o artista cobre o papel com pó, pastel, carvão, cola e outros materiais que geram um “fundo” que alude literalmente ao macrocosmo, concebido em micro partículas e células. Dentro dessas superfícies, Kilian incorpora referências simbólicas a objetos, figuras ou lugares e, através deles, codifica sua própria história.

Macrocosmos, microcosmos ou, a cosmogonia dos Incêndios, marca a volta de Kilian Glasner às séries anteriores em um ato final que inverte o sentido das criações precedentes. Agora a ruína não mais é representação, ela salta do papel para presença, testemunha o que foi consumido e aponta, ao mesmo tempo, para aquilo que pode emergir, o sonho.

Trecho do texto curatorial “Incêndios” de Paulo Kassab Jr.
Vídeo por Ashlley Melo

Macrocosmos microcosmos, ou a cosmogonia dos incêndios l CCBBSP , 2021
Kilian Glasner,

Incêndios

Inúmeros mitos sobre a origem do fogo, dos povos indígenas brasileiros aos gregos, fazem alusão à sua potência transformadora e ameaça latente. Enquanto na Grécia é Prometeu quem rouba o fogo do Olimpo e o oferece aos homens, na mitologia dos Suruí Paiterei, é o pássaro preto, Orobab, que engana a onça Mekô, dona do fogo, e leva suas chamas para a humanidade — em ambos os casos trazendo sabedoria, mas também infortúnios. Ainda que seja fundamental entender tais alegorias na perspectiva dos valores da sociedade na qual surgem, através da semelhança entre elas podemos seguir vestígios que nos levam a compreender a brasa como um marco, símbolo da distinção entre natureza e cultura.

Se há uma noção de revolução sociocultural a partir do domínio do fogo, é também dele que surgem os primeiros desenhos, o embrião da nossa capacidade inventiva de pensar a natureza externa, imaginá-la e representá-la com bastões de madeira queimada, carvão, nas paredes
das cavernas.

Contemplar o conjunto da obra de Kilian Glasner é espreitar a história do desenho e entender sua ligação estreita com o fogo em sua potência subversiva, mas também criadora.

Dois mil e vinte um — ao adentrar a exposição no CCBB, nos deparamos com um vídeo no qual o artista caminha sobre os escombros do que restou de seu ateliê em Itamaracá – PE, vítima de um incêndio que não só consumiu sua casa, mas também toda obra que faria parte desta mostra. Em uma atmosfera silenciosa, que nos faz lembrar os filmes de Tarkovsky, Kilian se inclina sobre a ruína premeditada em trabalhos antigos. Estilhaço, objetos deslocados de seu tempo e fragmentos de memória apontam aquilo que não foi, mas poderia ter sido. Tudo é vestígio e de tudo ficou pouco “não muito: de uma torneira pinga esta gota absurda, meio sal e meio álcool, salta esta perna de rã, este vidro de relógio partido em mil esperanças, este pescoço de cisne, este segredo infantil…”1 Resta o rosto de sua mãe em bronze, um soldadinho de chumbo de sua infância, pedras e carvão que, se antes fazia-se instrumento para inventar e imaginar o fogo, agora é sobra. O filme segue e o artista indica o argumento que nos guiará por toda exposição.

Marteladas destroem o que antes eram vigas e o carvão explode no papel desenhando o cosmos. O universo é sobra, explosão, big bang. Repousa aqui a ambiguidade dos incêndios, apesar de devastador, revela a força de gerar outro porvir, das células ao espaço. Neste ciclo originaram-se cada um das obras desta exposição.

Com um imaginário muitas vezes construído em cima de fotografias, o artista cobre o papel com pó, pastel, carvão, cola e outros materiais que geram um “fundo” que alude literalmente ao macrocosmo, concebido em micro partículas e células. Dentro dessas superfícies, Kilian incorpora referências simbólicas a objetos, figuras ou lugares e, através deles, codifica sua própria história.

Macrocosmos, microcosmos ou, a cosmogonia dos Incêndios, marca a volta de Kilian Glasner às séries anteriores em um ato final que inverte o sentido das criações precedentes. Agora a ruína não mais é representação, ela salta do papel para presença, testemunha o que foi consumido e aponta, ao mesmo tempo, para aquilo que pode emergir, o sonho.

Paulo Kassab Jr.

1. Resíduo. Carlos Drummond de Andrade In A Rosa do Povo, José Olympio, 1945

Roger the Rat , 2021
Roger Ballen,

Roger Ballen, trailer for upcoming film ‘Roger the Rat’, 2020.

More: https://www.rogerballen.com/roger-the…

Throughout his career, Roger Ballen has pursued a singular artistic goal: to give expression to the human psyche and visually explore the hidden forces that shape who we are. In his upcoming film based on his published book, Roger the Rat, he has created an archetypal persona who is a part-human, part-rat creature who lives an isolated life outside of mainstream society.

The full length film will be released during the coming few months and once viewed will remain with you for a lifetime.

Esse sonho pode nunca acontecer , 2021
Gabriella Garcia,

Por meio de pinturas, esculturas, instalações, trabalhos em suportes diversos, a artista Gabriella Garcia reflete sobre relações que evidenciam o jogo de duplas opostas: o sólido e o etéreo, o volume e o plano bidimensional, o condensado e o volátil, o passado e o presente. Uma síntese inédita desta pesquisa será apresentada em sua primeira individual na Galeria Lume.

No primeiro espaço da mostra, a representação do drapeamento – movimento dos tecidos e suas dobras – nos vãos entre as pinturas e esculturas criam abstrações e novas perspectivas. No segundo, situado na sala central da Lume, tudo se conecta e cada trabalho existe a partir do outro, em uma sala cujas paredes são pintadas por pigmento mineral. A relação com a representação e seus entornos permanece, e a artista materializa a pintura e pinta a matéria por meio de suportes diversos como minerais, reproduções de imagens clássicas em gesso, telas, sedas e mármores.

A artista traz ao público 29 obras, pinturas, instalações e esculturas, carregadas de símbolos da história da arte clássica, e nas quais divide seus questionamentos e reflexões em torno do pensamento hegemônico que pairava nos séculos anteriores. No início de sua trajetória, seu processo artístico trazia o uso da colagem como força-motriz e hoje carrega suas influências, assim como das artes cênicas. Não ao acaso, a exposição é organizada em dois atos e, aberta a múltiplas leituras, conta com olhares distintos e complementares em textos críticos assinados por quatro curadores: Carollina Lauriano, Guilherme Teixeira, Ode e Paulo Kassab Jr.

Exposição “Esse sonho pode nunca acontecer”, de Gabriella Garcia, na Galeria Lume, de 17 de Julho a 26 de Setembro de 2021.

Hal Wildson – Construção e Reconstrução de narrativas coletivas e individuais , 2021
Hal Wildson,

“Somos agentes ativos de cada carta escrita, como a história escrita influencia a história que ainda está por acontecer?”
A máquina de escrever dá luz às lembranças esquecidas, reafirmando que é preciso lembrar das coisas para que não voltem a acontecer. As letras “embaralhadas” são como momentos históricos em narrativas confusas, palavras ainda em formação, um texto que se escreve no momento atual. A disputa por narrativas históricas rouba os holofotes na fase artística de Hal, revelando o momento que vivemos como um espelho do passado.

Arte1 – NA MIRA , 2021
Gabriella Garcia,

| T09 | EP37 | 2021 | L |

Na Mira do Arte1: Gabriella Garcia.
Direção: Gisele Kato

Arte1 – ENCONTRA , 2021

| T02 | EP01 | 2021 | L |
Neste primeiro episódio da segunda temporada da série Encontra, uma parceria do Itaú Cultural com o canal Arte1, a editora-chefe do Arte1 Gisele Kato conversa com o fotógrafo Claudio Edinger. Claudio sabia que muitos artistas do início do século 20 colocaram a gripe espanhola em suas obras e então passou a se perguntar: “o que eu tenho a dizer sobre a covid-19”? No encontro, ele fala dos registros intitulados “Quarentena”, da busca pela imagem universal, e de seu mestre Yogananda. E toca harmônio!

Direção: Gisele Kato / Ricardo Sêco
Categoria: Artes Visuais

Singularidades | Hal Wildson , 2021
Hal Wildson,

Existe em nós um Brasil que vale a pena acreditar! Somos um povo que nasce e se encontra no desencontro das suas multiplicidades , que ultrapassa o tempo em processo de construir e fazer a si mesmo. Existe em nós muitos de nós, Brasis em construção e reconstrução, e é por acreditar que faço da minha arte uma semente de esperança, um martelo que quebra, um tijolo que constrói. Singularidade, Brasil, identidade.

Real FAKE não pretende enganar o espectador mas, contra todas as mentiras noticiosas, honrar a fantasia poética e mostrar que, de fato, podemos encontrar na imaginação e na arte estímulo para “pensar um mundo mais sensato, para cultivar a quimera de poder aliviar, se não destruir, as injustiças que se propagam e as desigualdades que pesam (ou deveriam pesar) como uma pedra em nossa consciência1”.

Ateliê Aberto , 2021
Gabriella Garcia,

Gabriella Garcia é uma artista autodidata, cuja prática transita entre escultura, pintura e instalações. Com um processo que tomou, em seu início, a colagem como força-motriz, o trabalho de Gabriella compreende não apenas o lugar onde está como também aquilo de onde deriva. Figuras recortadas tomam o espaço a partir de trabalhos onde gesso, tecido, poliuretano, vazio, metais, minerais entre outros, dialogam na construção de peças únicas que possuem, em suas composições, o magnetismo como tônica. As imagens nas construções da artista, sejam elas bi ou tridimensionais, trabalham como que em um contínuo esforço de fusão: uma incessante busca de assimilação de materiais que, em suas essências, trazem na sua materialidade uma realidade e tangibilidade únicas. Os trabalhos colocam à prova um exercício vívido de confronto entre gesto e natureza; manipulação e relação, criando um jogo onde o que se entende como terreno é a possibilidade singular que o gesto artístico possui de tornar brutalidade, leveza.

Canteiro , 2021
Amalia Giacomini,

Nossa visão do mundo surge de constantes e variadas interações. Somos a soma de inúmeras sensações de ordem visual, auditiva, olfativa e tátil. Não se pode escapar do fato de que pessoas criadas em ambientes distintos, também vivem em mundos.

Lucas Dupin para Arte1 , 2021
Lucas Dupin,

Entrevista do artista Lucas Dupin para o Canal Arte1

Ateliê Aberto , 2020
Lucas Dupin,

Ateliê Aberto é a websérie da Galeria Lume. Convidamos vocês a conhecerem os espaços de pesquisa dos artistas que representamos. Neste episódio o artista Lucas Dupin fala de seus processos e mostra seu ateliê em Belo Horizonte.

Ateliê Aberto , 2020
Claudio Alvarez,

O artista Claudio Alvarez conta um pouco do seu processo durante a quarentena e apresenta seu ateliê.

Ateliê Aberto , 2020
Nazareno,

Ateliê Aberto é a nova web série da Galeria Lume. Convidamos vocês para conhecerem os espaços de pesquisa e criação dos artistas que representamos. Neste episódio, Nazareno apresenta seus processos criativos.

Ateliê Aberto , 2020
Alberto Ferreira,

Ateliê Aberto é a websérie da Galeria Lume. Convidamos vocês a conhecerem os espaços de pesquisa dos artistas que representamos. Neste episódio apresentamos o trabalho de um dos percursores do fotojornalismo no Brasil: Alberto Ferreira

Púlpito Público – Maré de Matos , 2020
Maré de Matos,

Púlpito público é uma instalação composta pela junção de três escadas que se encontram em uma plataforma única, com quatro dispositivos sonoros fixados (megafones).

As escadas, dispostas cada uma em um sentido único, simbolizam caminhos que vem de orientações geográficas diferentes e se unem a uma plataforma comum.
Representando o encontro, as diferenças e os múltiplos caminhos, a obra através de sua possível ativação, evoca a pluralidade de vozes. Pensada a partir destas possíveis relações, seu uso a torna um espaço de partilha de locuções, celebração das convivências e respeito às diferenças, como direito fundamental.

A instalação coloca em questão o púlpito enquanto elemento escultórico ativado exclusivamente por oradores, representantes da palavra de deus, ou ainda muito usado por figuras importantes em cerimônias e discursos políticos, uma vez que convoca o público a assumir o espaço de protagonismo de sua própria locução.

Arte 1 – Um Artista , 2019
Marina Hachem,

Marina Hachem
1993, São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo.

Formada em Artes Visuais pela Fundação Armando Alvares Penteado, estudou também na Central Saint Martins, em Londres. Sua produção transita entre desenho, pintura, objeto, escultura e instalação.

Desenhos em nanquim , 2016
Florian Raiss,
Theatre of Apparitions , 2016
Roger Ballen,

Roger Ballen’s famous photographic work has been concerned with the interior architecture of standing structures, playing on the metaphor of the mind as a house of secrets and buried narratives. He has created a series of images inspired by the drawings and marks which people make on their environment that link his unique aesthetic to theatrical performance. Emma Calder and Ged Haney have used 2d computer animation and a brilliant music score by composer John Webb to turn these images into a film reminiscent of an old music hall or circus. In the theatre dismembered people, beasts and ghosts, dance, tumble, make love and tear themselves apart, plunging the audience into the nightmarish world of Roger Ballen’s subconscious.

DIRECTORS: Emma Calder, Ged Haney
WRITERS: Roger Ballen, Marguerite Rossouw, Emma Calder, Ged Haney
PRODUCER: Emma Calder
ANIMATION: Emma Calder, Ged Haney
EDITOR: Emma Calder
EXECUTIVE PRODUCER: Roger Ballen
SOUND DESIGN: Emma Calder
SOUND EDITOR: Emma Calder
ADDITIONAL SOUND EDITING: Tom Lowe
ARTISTIC DIRECTOR: Marguerite Rossouw
COMPOSER: John Webb

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Geometria Invertida , 2016
Luiz Hermano,

O inverso do inverso

“Só na linguagem, assim como na arte construtiva, ocorre a elevação humana do nível da ‘percepção’ sensível ao nível da ‘visão’ essencialmente ideal. Ambos são os órgãos que, em seu uso, se possuem mutuamente e operam juntos para a aquisição de uma representação intuitiva do mundo “, afirmou Ernst Cassirer.

Desde o seu surgimento, o Movimento Concreto afirma que a arte deve ser “inteiramente concebida pelo espírito antes de sua execução e construída com elementos plásticos em busca da pureza e do rigor formal” 1. O significado da obra é a própria obra. No início dos anos 50, sob o impacto da 1ª Bienal de São Paulo, o Grupo Ruptura (Grupo Ruptura) declara em seu manifesto concreto: “a arte é um meio de conhecimento dedutível de conceitos”.
Sem apego a definições e com influência da Arte Concreta, as obras da mostra Geometria Invertida mostram um mundo mutável que nunca permanece o mesmo, mas depende da interação e da intuição do espectador para sua constituição. Quadrados, triângulos, losangos e retângulos, brancos ou pretos, soldados de alumínio, aparecem em diferentes formas e desestabilizam harmonicamente cada uma das peças que surgem nas formas gráficas gestálticas. A realidade das obras são elas mesmas, não exprimem um sentido aí presente, previamente conhecido, mas conferem uma nova fisionomia e significado ao espaço como um todo.
Apesar do raciocínio matemático, as criações de Luiz Hermano ocorrem a partir do desarranjo de formas geométricas que, em suas ideias, parecem se tornar maleáveis ​​e intuitivas. As esculturas se despem de sua rigidez para habitar a imaginação e o mundo dos sonhos.

A exposição Geometria Invertida abre-se a múltiplas possibilidades de abordagem e liberta-nos para os nossos devaneios, apresentando cada peça como um “instante mundial” 2.
Curadoria | Paulo Kassab Jr.

1. Theo van Doesburg – Concrete Art Manifesto, revista Art Concret – Paris 1930.
2. Gaston Bachelard – The Right to Dream (prefácios, artigos e estudos de 1939 a 1962).

Theatre of the Mind , 2016
Roger Ballen,

Presenting Roger Ballen’s latest video, Theatre of the Mind, a psychological thriller set in a zone between sanity and insanity, dream and reality, the film takes Ballen’s work to the next level.

Executive Producer: Roger Ballen
Producer: Tanja Bruckner
Creative Director: Marguerite Rossouw
Actors: WART, Peter O’Brien, Peter Leatherby, Aime Smith, Sylvester Kassel, Pricilla Bourne
Sound Design: Shaun Hay
Post Production and Editing: Tanja Bruckner, Andrew Robinson
Special thanks: Liam Garstang, Colin Rhodes, Matthew Krouse, Paul Denny
A Collaboration with Sydney College of the Arts Students and Aliumni: Dylan Batty, Priscilla Bourne, Nick Dorey, Richard Kean, Ryan Brennan, Daisy Knight, Georgina Macneil, Simon Bare, Nikki Walkerden, Tanja Bruckner

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