The Citadel: a trilogy | Call me when you get there

    The Citadel: a trilogy | Call me when you get there

    Viewing Room
    Curadoria: Paulo Kassab Jr.
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    Untitled #15

    , 2013

    O único território que existe é o que você ocupa.

    Com essa pista, Mame-Diarra Niang nos abre o seu universo. A artista percorre um mundo utópico, sem fronteiras delimitadas, onde nacionalidades e bandeiras são irrelevantes e onde as pessoas têm trânsito livre. Ao se aproximar desse lugar, a artista reconhece os seus espaços e circunscreve suas próprias balizas. A câmera é o seu instrumento cartográfico, seus sentimentos são sua bússola e a cada clique suas divisas são demarcadas.

    Através de seus enquadramentos, Niang projeta sua individualidade e cria seus sítios. Essa característica modular do espaço, que a própria artista conceitualiza como a “plasticidade do território” também pode ser compreendida como uma afirmação de sua identidade em constante processo de metamorfose.

    A artista nos leva em seu percurso um tanto íntimo, um tanto sensorial, como um espelho que olha pra dentro e que reflete ambientes arranjados em duas séries: The Citadel: a trilogy (Sahel Gris, At The Wall e Metropolis) e Call me when you get there.

    Untitled #23

    , 2013

    Untitled #13

    , 2013

    Untitled #18

    , 2013

    Na trilogia (que encontra-se na sala principal da galeria), a artista percorreu três regiões familiares a ela, em situações distintas de sua vida. Ao expor os conceitos de cada serie, ela se deparou com a sua fortaleza que, por ter sido definida por ela mesma, é o local onde se sente segura. A partir de uma área em construção ou em destruição, nasce Sahel Gris. Enquanto perambulava por essa zona não identificável, a artista traçou a sua linha de horizonte e registrou o seu árido entorno. Mesmo aparentemente abandonado ou inóspito, trata-se do lugar ocupado por Niang. É lá que ela se encontra naquele momento e onde ela, por fim, se depara com o seu limite.

    At the wall delimita os passos de Niang. Ela encara todos os muros, através de diferentes ângulos, e, sem se paralisar, constrói seus confins. Suas imagens nos dão a sensação de que ela riscou a sua barreira estando em constante movimento, gerando enquadramentos irregulares. O que se fez necessário foi proteger-se em sua fortaleza.

    Com seu espaço circunscrito, adentramos em Metropolis, última parte da trilogia que compõe a cidadela de Mame-Diarra Niang. Nos encontramos em um denso centro urbano de cores saturadas e em meio a enormes estruturas aparentemente impenetráveis, mas onde percebemos janelas abertas, transeuntes, reflexos e traços de vida. É aqui que Niang eleva o visor de sua câmera e mira o lugar mais alto de seu território, como se agora pudesse, enfim, ver mais nítido. Nesse caminho guiado pela narrativa da artista, é possível perceber seus silêncios, suas sensações, sua respiração presa, seus encontros e desencontros e, sobretudo, sua necessidade de auto-representação.

    Détail du mur #3

    , 2014

    Le mur #5

    , 2014

    Le peuple du mur #4

    , 2014

    Contemplari 2b

    , 2015

    Daniel 4.10

    , 2015

    Sentinelle

    , 2015

    É essa mesma motivação de externalizar seus sentimentos através de paisagens que levou a arista a criar a série Call me when you get there. No último ano, devido à pandemia do Covid-19, a França, país que a artista vive, impôs rigorosas medidas de distanciamento social exigindo longos períodos de confinamentos. Diante da privação de deslocamento, Niang encontrou no Google Maps uma forma de continuar sua prática artística. Ela buscou imagens de lugares que lhe eram familiares e que refletissem seu estado de espírito. O resultado dessa viagem interior se traduz por capturas de telas de locais onde as pessoas parecem estar se desvanecendo. Com corpos incompletos ou com apenas traços e sombras de suas presenças, os habitantes dessa localidade específica tiveram seus registros distintos de outros roteiros explorados pela artista. E foi exatamente nesse território que Niang se deparou com a tradução de como se sentia.

    Quando deslocadas dos fins para os quais foram geradas, as cenas ganham novos significados e são capazes de originar identificações por parte do espectador. Essa investigação da artista se transformou em uma série que se aproxima de auto-retratos de suas vivências durante os confinamentos. As suas emoções se refletem igualmente pelas escolhas de apresentação de seu trabalho: imagens quadradas, impressas em pequenos formatos, com bordas brancas que delimitam seus espaços e emolduradas em caixas transparentes. A obra reflete, assim, um sentimento comum aos que vivenciaram as situações de clausura, em uma involuntária imersão em suas intimidades, dentro de superfícies extremamente limitadas.

    A partir da circulação do seu próprio corpo nos espaços que adentra ou nas deambulações de sua mente num imaginário próprio de mundo, Mame-Diarra Niang produz, de algum modo, seus auto-retratos-territoriais.

    Mame-Diarra Niang nasceu em Lyon e foi criada entre a Costa do Marfim, Senegal e a França. Ela participou da 33ª Bienal de São Paulo (2018), da 11ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre, (2018) e das 11ª e 12ª edições da Bienal de Dakar (2014 e 2016).

    Continue #9

    , 2020
    mame-diarra

    Mame-Diarra Niang
    (Lyon, 1982)

    Vive em Paris, França.

    Mame-Diarra Niang é artista autodidata, criada entre a Costa do Marfim, Senegal e França. Em suas criações, ela opta por explorar a temática da “plasticidade do território”. A primeira exposição individual de Niang, Sahel Gris, aconteceu no Institut Français de Dakar (2013). Sua primeira exposição individual na África do Sul, At the Wall, aconteceu na galeria Stevenson em Joanesburgo (2014).

    Mame-Diarra Niang participou da exposição Movin’Grounds, 38CC, Delft, Holanda (2020); Fotos de Outra Parede, Museu De Pont, Holanda (2020); Travesías atlánticas, IV Bienal de Montevidéu (2019); Histórias Recentes / Fotografia e Vídeo Arte Africana Contemporânea da Coleção Walther em Huis Marseille, Holanda (2018); Afinidades Afetivas, 33ª Bienal de São Paulo (2018); Strange Attractors, um projeto de publicação curatorial lançado na 10ª Bienal de Berlim (2018). Outras exposições coletivas incluem O Triângulo Atlântico, 11ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre, Brasil (2018); Espaços desconstruídos, memórias pesquisadas no 11º Rencontres de Bamako (2017); Histórias recentes – Nova fotografia africana na coleção Walther em New- Ulm (2017); a 12ª Bienal de Dakar (2016) SEX em Stevenson, Joanesburgo (2016); Armory Focus: African Perspectives – Spotlighting Artistic Practices of Global Contemporaries no The Armory Show, Nova York (2016); The Lay of the Land: New Photography from Africa no The Walther Collection Project Space em Nova York (2015); Nine Artists at Stevenson na Cidade do Cabo (2015); 11ª Bienal de Dakar em 2014, e Le Piéton de Dakar no Institut Français of Dakar em 2013.

    Recentemente, Mame-Diarra Niang conduziu uma residência intitulada “Black Hole” (2017) no espaço do quinto andar da galeria Stevenson em Joanesburgo. A residência adquiriu a forma de um laboratório em que explorou este termo utilizando o vídeo como meio e ferramenta de investigação.

    Continue #18

    , 2020

    Continue #5

    , 2020

    Continue #10

    , 2020

    Untitled #15

    , 2013
    Sahel Gris,
    impressão de pigmento de arquivo em papel william turner,
    22 x 32 x 6 cm,

      Untitled #23

      , 2013
      Sahel Gris,
      impressão de pigmento de arquivo em papel william turner,
      22 x 32 x 6 cm,

        Untitled #13

        , 2013
        Sahel Gris,
        impressão de pigmento de arquivo em papel william turner,
        22 x 32 x 6 cm,

          Untitled #18

          , 2013
          Sahel Gris,
          impressão de pigmento de arquivo em papel william turner,
          22 x 32 x 6 cm,

            Détail du mur #3

            , 2014
            At the wall,
            impressão de pigmento a jato de tinta em papel de algodão 300g,
            37 x 56 x 3 cm,

              Le mur #5

              , 2014
              At the wall,
              impressão de pigmento a jato de tinta em papel de algodão 300g,
              37 x 56 x 3 cm,

                Le peuple du mur #4

                , 2014
                At the wall,
                impressão de pigmento a jato de tinta em papel de algodão 300g,
                37 x 56 x 3 cm,

                  Contemplari 2b

                  , 2015
                  Metropolis,
                  tinta de pigmento de arquivo em papel de pano de fibra de platina,
                  44 x 63 x 3 cm,

                    Daniel 4.10

                    , 2015
                    Metropolis,
                    tinta de pigmento de arquivo em papel de pano de fibra de platina,
                    44 x 63 x 3 cm,

                      Sentinelle

                      , 2015
                      Metropolis,
                      tinta de pigmento de arquivo em papel de pano de fibra de platina,
                      44 x 63 x 3 cm,

                        Continue #9

                        , 2020
                        Call me when you get there,
                        impressão de pigmento de arquivo em papel william turner,
                        15 x 15 cm,

                          Continue #18

                          , 2020
                          Call me when you get there,
                          impressão de pigmento de arquivo em papel william turner,
                          15 x 15 cm,

                            Continue #5

                            , 2020
                            Call me when you get there,
                            impressão de pigmento de arquivo em papel william turner,
                            15 x 15 cm,

                              Continue #10

                              , 2020
                              Call me when you get there,
                              impressão de pigmento de arquivo em papel william turner,
                              15 x 15 cm,