Com o objetivo de discutir a multiplicidade e a reprodutibilidade das obras de arte, a Galeria Lume exibe “Nem tanto, nem tão pouco”. Por meio de diferentes suportes como escultura, fotografia, pintura e gravura, a mostra entrelaça um dos assuntos mais caros ao “colecionismo”: arte x reprodutibilidade. Em um meio que preza a singularidade comercializada a valores muitas vezes exorbitantes, os já reconhecidos “múltiplos”, obras concebidas com o intuito de serem reproduzidas em um número limitado de cópias, ganham força principalmente a partir da década de 60 em nome da disseminação da obra de arte por valores mais acessíveis. Muito presente no movimento Fluxus e na Pop Art, a multiplicidade surge como crítica ao valor atribuído a um objeto de arte por sua condição de originalidade, de obra única, destinada apenas aos colecionadores e aos museus.

Com obras de 7 artistas representados pela Lume, “Nem tanto, nem tão pouco” se atém a trabalhos marcantes e característicos de cada um dos artistas, em tiragens baixas e acessíveis. Longe de serem ilimitadas, também não são únicas. Qual o preço da exclusividade? Se a arte se exprime, entre outras coisas, em valores estéticos, políticos e harmônicos, qual seria a diferença teórica e expressiva entre uma obra que se repete vinte vezes e uma única? Entre poucos, quanto é  tanto? Entre tantos, quanto é pouco?