“Empoderamento é um instrumento de luta social que nasce com uma conscientização profunda de quem somos.” A afirmação é da escritora Joice Berth e vai ao encontro da mais recente pesquisa de Renata Egreja, produção que nasceu após um período de intensa transformação pessoal, influenciada principalmente pelas ideias feministas e pela maternidade. O resultado é exibido na individual Certezas Transparentes, exposição inédita que estreia em 1º de outubro, na Galeria Lume.

Os últimos quatro anos foram de metamorfose para Egreja: tornou-se mãe, doula, professora e, com isso, deu luz às novas formas do seu fazer artístico. A artista reflete sobre as mais diversas facetas e lugares da mulher na contemporaneidade e convida o público a fazer o mesmo.

Ideia recorrente em Acomodados (2019), instalação interativa que ocupa a sala central da Galeria com um grande tapete vermelho costurado a mão. Sobre ele, almofadas aconchegantes que incitam o visitante a uma pausa de descanso. Em cada almofada, Renata bordou informações da pesquisa Percepções dos homens sobre a violência doméstica contra a mulher, um estudo do Instituto Avon e Data Popular, que traz dados como “43% dos homens brasileiros acham que a mulher é responsável pelo cuidado com a casa”. Uma provocação da artista para mostrar o quanto estamos acomodados, muitas vezes inertes, frente a situações de desigualdade de gênero.

Renata Egreja exalta suas ancestrais e as mulheres a sua volta. Conjuga passado e presente e dá vida à série de pinturas Certezas Transparentes (2019), homônimo à exposição, em que mescla pintura, técnica habitual em sua trajetória, e costura, ofício que, segundo ela, é a linguagem das mulheres ancestrais na arte. “Exploro a costura como intenção de pintura e memória do trabalho feminino e a evoco para colocá-la num patamar erudito. É uma memória do trabalho das mulheres”, explica a artista.

Certezas Transparentes é também o nome do grupo de mulheres em que Renata leciona feminismo na arte. Um coletivo formado por mulheres de diversas idades e perfis, todas residentes em Ubatuba, no litoral de São Paulo, onde a artista reside.

Ao longo do período expositivo, em 5 de outubro, a Galeria promove uma roda de conversa sobre Comunicação Não Violenta (CNV), tema fundamental para Egreja. O bate-papo será conduzido por Camila Goytacaz, jornalista, escritora e especialista na matéria.