Revelar a intrínseca relação entre o homem e o ambiente que o cerca é a premissa de “A Experiência Geográfica”, primeira individual do artista plástico Nazareno na Galeria Lume. Com curadoria de Paulo Kassab Jr., a mostra será aberta ao público no dia 23 de março, reunindo 12 desenhos e quatro objetos, todos inéditos, produzidos ao longo dos dois últimos anos.

No conjunto exposto, o artista extrapola a ideia de que geografia se define por um conjunto de características e fenômenos físicos e biológicos de determinada região. Para Nazareno, para além dessa concepção material, a geografia é responsável por definir um indivíduo. É ela o ponto inicial para a construção de uma identidade, inclusive, uma vez que esta se moldará conforme a relação do sujeito com o todo. Ele é único ou apenas mais um naquele contexto? Qual é o seu potencial de atuação ali?

“A geografia é uma experiência pessoal, mas que excede uma percepção única, uma vez que se manifesta a partir do mapeamento de determinadas circunstâncias, que vivem em constante mutação. Um mapa, por exemplo, nunca será estanque. Periodicamente, ele será reavaliado”, pontua Nazareno. Essa atualização, por sua vez, se dará não apenas por modificações estruturais e concretas, mas também pela maneira que o homem domina e apreende o espaço ao seu redor.

“Nazareno explora a conquista do espaço e a influência da geografia no homem. Seus desenhos e objetos suscitam reflexões sobre como a geografia atinge o ser humano em suas relações comerciais, na linguagem e na forma de nos relacionarmos com o outro”, afirma o curador Paulo Kassab Jr.

A relação entre a geografia e o homem é uma questão que permeia a produção do artista, que sempre refletiu acerca dos inúmeros percursos que tomou na vida. Nazareno, hoje cidadão paulistano, já viveu em ambientes rurais e litorâneos. Fortaleza, Brasília e até mesmo Montevidéu, no Uruguai, foram alguns dos locais que o acolheram. Em cada um deles, foi preciso se reinventar para se redefinir.

“Um local visitado na infância ganha novas formas e dimensões quando revisitado na vida adulta. O que será que aconteceu? O local mudou ou foi o indivíduo que teve sua percepção alterada ao longo desse percurso? Até que ponto o ambiente em que vivemos é capaz de nos modificar?”, questiona o artista. São essas algumas das indagações que Nazareno tem por objetivo suscitar em seus interlocutores. Já adianta, entretanto, que não há uma única resposta correta.