Gabriella Garcia é uma artista autodidata, cuja prática transita entre escultura, pintura e instalações. Com um processo que tomou, em seu início, a colagem como força-motriz, o trabalho de Gabriella compreende não apenas o lugar onde está como também aquilo de onde deriva. Figuras recortadas tomam o espaço a partir de trabalhos onde gesso, tecido, poliuretano, vazio, metais, minerais entre outros, dialogam na construção de peças únicas que possuem, em suas composições, o magnetismo como tônica. As imagens nas construções da artista, sejam elas bi ou tridimensionais, trabalham como que em um contínuo esforço de fusão: uma incessante busca de assimilação de materiais que, em suas essências, trazem na sua materialidade uma realidade e tangibilidade únicas. Os trabalhos colocam à prova um exercício vívido de confronto entre gesto e natureza; manipulação e relação, criando um jogo onde o que se entende como terreno é a possibilidade singular que o gesto artístico possui de tornar brutalidade, leveza. Gabriella participou de exposições coletivas no Brasil como “Together”, na Galeria 55SP (São Paulo), em 2016 e internacionais como “You know you can buy it”, no B32 ArtSpace (Maastricht, Holanda), em 2015, “Collagism: a survey of contempo- rary collage”, no Museu Strathroy Caradoc (Ontário, Canadá), em 2016 e ”Like me as you do”, no Scandinavian Collage Museum (Rennebu, Noruega). Em 2016 apresentou a exposição individual ”O Equilíbrio Do Caos”. Participou da residência Pivô Pesquisa e também apresentou sua primeira exposição individual internacional “#FFFFFF” em Berlim na Galeria Aesthetik 01 com curadoria de Kristina Nagel. A artista vive e trabalha em São Paulo.
Por meio de pinturas, esculturas, instalações, trabalhos em suportes diversos, a artista Gabriella Garcia reflete sobre relações que evidenciam o jogo de duplas opostas: o sólido e o etéreo, o volume e o plano bidimensional, o condensado e o volátil, o passado e o presente. Uma síntese inédita desta pesquisa será apresentada em sua primeira individual na Galeria Lume.
No primeiro espaço da mostra, a representação do drapeamento – movimento dos tecidos e suas dobras – nos vãos entre as pinturas e esculturas criam abstrações e novas perspectivas. No segundo, situado na sala central da Lume, tudo se conecta e cada trabalho existe a partir do outro, em uma sala cujas paredes são pintadas por pigmento mineral. A relação com a representação e seus entornos permanece, e a artista materializa a pintura e pinta a matéria por meio de suportes diversos como minerais, reproduções de imagens clássicas em gesso, telas, sedas e mármores.
A artista traz ao público 29 obras, pinturas, instalações e esculturas, carregadas de símbolos da história da arte clássica, e nas quais divide seus questionamentos e reflexões em torno do pensamento hegemônico que pairava nos séculos anteriores. No início de sua trajetória, seu processo artístico trazia o uso da colagem como força-motriz e hoje carrega suas influências, assim como das artes cênicas. Não ao acaso, a exposição é organizada em dois atos e, aberta a múltiplas leituras, conta com olhares distintos e complementares em textos críticos assinados por quatro curadores: Carollina Lauriano, Guilherme Teixeira, Ode e Paulo Kassab Jr.
Exposição “Esse sonho pode nunca acontecer”, de Gabriella Garcia, na Galeria Lume, de 17 de Julho a 26 de Setembro de 2021.